sábado, 30 de outubro de 2010

Para meu pai

E digo aqui pra esse homem, cujo aniversário é hoje, dia 30 de outubro, que eu o acho esplêndido.
Quero um homem igual meu pai pra casar, pra ter como amigo, pra ser meu eterno companheiro; eterno companheiro como eu sei que ele é. Homem de aparente seriedade que não deixa de ser somente uma aparência. Debaixo da casca fina das sérias feições tem um incrível senso de humor que me faz rir desde 1990, e um imenso coração que me faz amá-lo pra sempre.

Fica aqui registrada a minha admiração por ele. Feliz aniversário, pai. Que os anos te transformem não em [somente] alguém mais velho, mas sim alguém ainda mais bem realizado, mais sábio e mais feliz. O passar dos anos tem sim muitas vantagens.

Um grande beijo pra você! Eu te amo.

sono

esse sono que me consome cada tempo que passa e passa e eu não durmo por insistência em ficar acordada quero ver conhecer conversar nesse mundo virtual que eu não consigo acordar

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

mundo louco e sábio

Tem algumas coisas que é incrível notar o quanto elas fazem sentido somente depois de um bom tempo que aconteceram. O mundo parece girar por si só e te levar junto dele sem você perceber. Quando você vê, depois de muitos acontecimentos significativos, volta sua mente ao passado e percebe que, se tivesse reagido em certa hora como você desistiu por nenhum motivo aparente, nenhum acontecimento seguinte teria sido igual.

Mundo estranho. Eu acredito em você.
E estou meio Efeito Borboleta hoje.

Margaridas - conto apocaliptico que escrevi pra faculdade

Acordou. Encontrava-se deitado em uma espécie de maca, branca e desconfortável. Sentia dores nas costas e um desconforto imenso ao tentar se mexer. Quando abria os olhos, só enxergava borrões e uma claridade demasiada desnecessária para aquele lugar, que não conseguia reconhecer. “Onde estou?”

O sono incontrolável tomou conta de seus pensamentos e, em poucos segundos, encontrava-se em outro lugar. Viu, então, que estava em sua casa, sua tão querida casa! As cores pareciam muito vivas e o odor das margaridas que tinha dado à sua mulher no dia anterior provocava em Carlos uma imensa sensação de alívio e prazer. Foi até a sala de estar e observou a foto que estava no porta-retrato em cima da mesa: era a foto do dia de seu casamento, há dois anos atrás. Foi então que se lembrou do grande dia! Como sua esposa estava bela de branco, e as flores que segurava pareciam tão vivas e coloridas quanto as cores das margaridas. E que saudades que sentia de sua mulher! Ao se lembrar da pele macia de seu rosto, de seu perfume suave e dos cabelos loiros que formavam cachos belíssimos, sentia como se não a tivesse visto por muitos anos.

Percebeu que alguém se aproximava sorrateiramente dele, e, quando se virou, viu que era sua mulher. Ela estava muito bem vestida, maquiada e perfumada. Abraçou-a com força e paixão, deu-lhe beijos e sussurrou “eu te amo” pelo pé do ouvido.

- Meu amor, parece que não me vê há séculos! Eu sei que tenho trabalhado muito, mas de noite estou sempre aqui para ficar com você e cuidar da Júlia. Lembra-se que diminuí minha carga horária para ficar mais tempo com vocês?

Carlos não se lembrava de muitas coisas. Não se lembrava nem como havia chegado a sua casa, onde estava antes disso e também não se lembrava da última vez que havia visto sua mulher Ana. Até aquele momento tinha também se esquecido de que tinha uma filhinha, a Júlia!

- Ana, querida, eu não sei o que aconteceu comigo. Sinto-me estranho e um pouco cansado... É muito bom estar em casa e poder revê-las! Onde está a Julinha?

- Ela está no berço no nosso quarto, dormindo feito um anjo.

- Vou subir ao quarto e me deitar.

Carlos subiu as escadas. Cada degrau que subia parecia consumir uma força que já não se encontrava mais em suas pernas. Foi quase se arrastando para o quarto, quando viu que sua filha, Júlia, estava dormindo no berço ao lado da cama do casal. Deu um beijo na testa da filha e deitou em sua cama, que parecia mais dura e desconfortável como de costume.

Subitamente, começou a sentir um desconforto muito grande. Pensamentos horrendos invadiam sua consciência, uma angústia grande tomava conta de seus sonhos. Estava agora em uma guerra de terror e tristeza. Escutava choros de criança, mulheres correndo desesperadas com seus filhos nos braços. Só havia mulheres e crianças e muito sangue ao seu redor. A rua de sua casa estava irreconhecível: só havia ruínas, fogo, explosões. A casa de Carlos, mesmo, estava em pedaços. Restavam as margaridas, tão belas e vivas como antes, e que transformavam aquela sensação angustiante em uma pequena porção de paz e tranqüilidade. Nenhuma flor havia, sequer, se desmantelado.

Um homem se destacou perante às mulheres. Carlos apressava o passo, visto que o homem se aproximava. O homem tinha, além da farda, uma máscara horrível, parecendo um demônio; em sua mão esquerda, vermelha de sangue, segurava uma espécie de adaga onde se reluziam os fortes raios de sol. Sem ao menos perceber, em uma fração de segundos, o homem estava perto de Carlos e enfiou-lhe a adaga pelas pernas. Carlos gritou.

Acordou muito assustado, levantou-se de sua cama e foi até a janela tomar um ar. Ao olhar pela janela, observou que sua filha brincava lá fora, sozinha. Pensou que tivesse passado muito tempo desde que decidira tirar a soneca, já que sua filha estava, em instantes, ao seu lado dormindo no berço.

Desceu as escadas. Sentia uma dor horrível nas pernas, que tentava ignorar. Quando chegou à sala de estar, viu sua mulher sentada ao sofá, em prantos.

- Mas o que houve meu bem?

Sua esposa não respondeu, e continuava a soluçar.

-O que foi? Onde está a Julinha?

Carlos a abraçou com força e sentiu que Ana se sentia muito triste, por razões que ele não compreendia. Ela continuava a não responder, e sequer olhava para o marido. Seus olhos cheios de lágrimas continuavam baixos, e fixavam o chão.

Carlos observou que o retrato do dia do casamento estava abaixado, e as margaridas também tinham murchado. Sua filha entrou pela porta da frente, já com uns 10 anos de idade e abraçou a mãe. Carlos não entendia o que se passava, mas tinha muitas dores nas pernas. A dor fisgou sua contração muscular e se debruçou no chão, gemendo. Implorava por ajuda, mas sua família não lhe dava atenção.

- Pois bem, doutor, ele se chama Carlos Garcia e sua casa foi atingida.

- E o resto da família, algum sobrevivente?

- Mulher e filha já receberam o atestado de óbito.

- Está certo, enfermeira. Há quanto tempo ele está assim? E as suas pernas?

- Há umas três horas. As pernas estão definhando, doutor. E a coluna foi atingida. Não sei por quanto tempo mais ele irá sobreviver.

- Mesmo não tendo grandes chances de sobrevivência, induza-o ao coma novamente. O sedativo não dará conta.

- Ok, doutor. Será feito.

Carlos não sabia de mais nada. Via um vaso de margaridas perto da cabeceira de sua cama. Sentia que sua dor insuportável permanecia, e sabia que estava sozinho. Em um segundo, lá estava em sua casa novamente... sua tão querida e bonita casa!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

leio logo escrevo

Tenho percebido, ao passar das minhas leituras, reflexões e posts, que a vida é minuciosa e rica demais para se evitar que fale dela. Que pense sobre ela. Que sofra nela. A leitura tem me feito sentir muito caos - já até cogitei a possibilidade do meu problema ser porque eu leio demais - mas ao mesmo tempo, como que dialeticamente, ela se torna sempre minha salvação (obviamente que aquela boa leitura: um bom livro, uma boa reflexão, uma boa poesia, um bom blog...). Através dela eu acredito e desisto, eu nasço e morro, eu rio e choro.
A vida tem dessas coisas. Estamos sempre sujeitos aos sentimentos, angústias, felicidades. E isso vem e vai, pode nos destruir ou construir, ou até mesmo ambas as coisas. Dentro de mim e de todos nós tem um universo. Dentro de mim há lágrimas e risos, há inconstâncias, há insegurança, há amor. Não tenho tido mais medo de me arriscar, de encarar, de aprender; e, em congruência, tenho sofrido por muitas coisas que tenho arriscado e que, no fim, não se concretizaram. Mas tenho sentido a vida como ela é, e essa sensação é mais do que ler um bom livro ou uma boa poesia. É mais do que pensar e tentar entender sobre tudo. Tenho apenas 20 anos de idade e tenho muitas coisas a aprender dessa vida - e espero aprender muito cada vez mais. Uma das minhas certezas sobre ela é que é inevitável sentir e muitas vezes é inevitável sofrer. Tenho percebido também que tentar entender muitas vezes não leva a nada. Às vezes é importante se 'conformar', é importante ser honesto consigo mesmo e com os outros, e é importante saber que nem sempre as pessoas são honestas com você e que você não tem a fazer quanto a isso. É importante saber que um dia tudo morrerá, mas não significa que você não irá renascer. E esse "renascer" é pra algo melhor.

Semestre passado sofri pouco, estudei muito, li muito, segui os estudos à risco. Não lia por prazer o que eu queria, li somente as coisas da faculdade, que tomavam meu tempo e disposição. Não me envolvi totalmente com ninguém. Era tranquila, passiva, tudo estava "bem".
Esse semestre tudo se remexeu, todo o caos floresceu, larguei os estudos bobos, larguei o que não me importa, li aquilo que eu quis ler, arrisquei um amor que eu acreditei que fosse dar certo, sofri, voltei à fazer terapia, fui em mil festas, bebi, caí e levantei, escrevi esse post.

e por favor, não me deixem mais voltar à velha vida de antes. prefiro um CR menor e uma sensação de que eu vivo.

esse post é dedicado à minha tão querida e amada mãe, após me ouvir chorando e resmungando ao telefone.

domingo, 24 de outubro de 2010

felicidade apaziguadora

Tenho me sentido feliz que poderia deitar na grama molhada e abraçar o mundo depois de uma tempestade.

no meu canto

Após muitas reflexões e conversas, pude perceber que o problema não sou eu, nem as circunstâncias que independem de todos nós. O problema é algo muito mais fundo, algo que não me pertence e que eu não posso alcançar. Saber que eu não posso fazer nada me traz a boa e egoísta tranquilidade ("não tenho nada a ver com isso"). Mas, ao mesmo tempo, me sensibilizo. Só me resta ficar aqui, no meu canto, esperando a vida melhorar, e esperando te ver mais feliz. Boa sorte. Eu torço muito por você. Torço muito por todos nós.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

melancolia

Não tenho me sentido nada bem, e isso tem me assustado um pouco (leia-se 'muito'). A maior parte do dia sinto que estou angustiada, não tenho mais vontade de estudar - estou praticamente 'largando' minha faculdade -, me sinto desanimada à beça. Ando até sem apetite e já emagreci um bocado.
E parece que os pensamentos negativos sempre persistem e me fazem chorar.

Que merda é isso? Alguém me explica?

domingo, 10 de outubro de 2010

frio

É a única coisa que me faz dormir numa madrugada como essa.

confissão


de dia a dia corriqueiro
em passos apressados
livros e folhas nas mãos
você apareceu

do apressado pouco restou
e não mais perdido, o tempo
já não mais dias e sim anos
me fez inteira.


eu te amo, minha amiga.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

(des)

Hoje acordei com um resquício de descontentamento. Não só hoje, já faz um tempo que não consigo mais sentir vontade de coisas que antes sentia.
O doce se amargurou, a realidade se acendeu e mais uma vez me sinto impotente. Você estava enganado quando me disse tudo aquilo? Onde está a credibilidade das palavras? Mas acho que a maior questão que permeia tudo é: por que complicar se o sentimento é simples? Sentimento simples, circunstâncias não tão simples assim.

Como diria Clarice, "Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca".

Falta-me a troca.

E agora, José?

ps: acho que isso é um grito de socorro.
ps2: que o tempo cure. e que passe rápido.
ps3: vou ligar pra minha tão linda e querida vó. saudades dela, saudades de mim.
ps4: e sabe o que é mais legal? depois de conversar com minha avó tive vontade de mudar esse post inteiro